TÁ CONTADO

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

TA CONTADO


SÃO PAULO UM IMENSO MUSEU A CÉU ABERTO

Por ZéLuiz Varricchio
Andando pelas ruas da cidade de São Paulo, as pessoas não calculam que a sua volta ou sob seus pés, estão expostas parte da história do lugar que escolheram para viver. A pressa o estress do dia-a-dia não permite que o ser humano desfrute o que oferece esta metrópole, basta alguns minutos por dia para aquele que trabalha no centro, ou algumas horas para quem realmente queira visitar, ou conhecer a cidade. O turista e mesmo quem more por aqui, não tem idéia de como é fascinante descobrir novos (velhos) lugares, casarões e até tampões (bocas de lobo) que de um modo ou de outro escreveram e fizeram parte desta maravilhosa casa chamada São Paulo.
Milhares de homens e mulheres passam diariamente pelo conhecido Largo do Paissandu, sem se dar conta, que por ali existem curiosidades históricas, como a Rua Abelardo Piolim, 1887-1973, que deixou sua marca como um dos maiores palhaços do século passado, em uma placa exposta na esquina desta rua com o famoso largo, ele deixou para a posteridade: “Meu Sonho Era Ser Engenheiro Queria Construir Pontes, Estradas, Castelos. Construí Apenas Castelos de Sonhos para Muita Gente. Sou, De Qualquer Maneira, um Engenheiro! E, Estou feliz Com Isto” (sic) apenas um ou outro curioso conhece esta placa. Nesta mesma rua tem “Arranha Céu” onde hoje funcionam moradias e hotéis de baixa freqüência, nota-se ainda algumas “bocas de lobos” de antigas companhias de serviços públicos, como Light atual Eletropaulo, Telesp hoje Telefônica, DAE Departamento de Águas e Esgotos, outra curiosidade é a placa que identifica o lugar (Largo do Paysandú), ortografia do inicio do século passado, e que ainda resiste ao tempo. Tem também o não menos famoso Cine Paissandu, que deixou o seu charme e glamour nos anos 50/60 e que hoje ostenta apenas uma placa (luminoso) quebrada que teima em resistir ao desgaste implacável do tempo.
Ainda circulando pelo centro velho, deparamos com o prédio do antigo I.A.P. C, depois I.A.P.T.C. A e finalmente INSS, que funciona no viaduto Santa Ifigênia, onde mantém um mini museu mostrando parte de sua história, com móveis do século vinte e computadores do inicio dos anos 1960.

MONUMENTOS E CASARÕES

Quem passa pela Rua Florêncio de Abreu sem a responsabilidade de comprar e vender produtos dos mais variados segmentos pode se deliciar com verdadeiras obras de artes erguidas com pompa e bom gosto, que infelizmente hoje se encontram abandonadas e a sua própria sorte. Ali o atento observador pode viajar no tempo e admirar “Arranha Céu” com os seus quase intransponíveis seis andares, onde no topo há a inscrição do ano em que foi construído, como o de numero 111 e que pertence ao Mosteiro de São Bento, que data de 1884, ou o de numero 106, que tem cravado em sua parede (MDCCCXCVII), ou ainda o de numero 339 (ANNO-MDCCCXCII), são joias raras que não pode se perder no tempo, para o bem da nossa cidade. O que falar dos inúmeros monumentos de artistas consagrados e que são presentes valiosíssimos oferecidos à população em diversos locais como praças, avenidas e ruas. No centro velho encontra-se em funcionamento e, atendendo centenas de fiéis clientes todos os dias a Chopperia São Jorge, localizada na Praça Antonio Prado, basta à pessoa colocar um pé no interior da loja e, já sente o clima saudosista e romântico das décadas de 20/30/40/50, onde há expostos objetos raríssimos como: Caixa Registradora dos anos 30, Caixa dos Correios, que estiveram em uso desde os anos 20, Instrumentos Musicais, Rádios, Móveis, Lustres de singular beleza, e o que chama a atenção também, é o Marcador de Tempo de entrada e saídas dos velhos bondes das garagens o ambiente aconchegante nos remete a valorizar o passado e rever conceitos e atitudes do presente e futuro.

O DEDO DA SORTE

A Praça ramos de Azevedo, guarda em sua história, curiosidades, lendas e crenças pra lá de engraçadas, em uma de suas escadarias, tem uma estatua em que o dedo indicador não perde o brilho, sempre limpo e lustroso, (atualmente o dedo está quebrado precisa de restauração, porém o povo passou a usar o dedo médio) por conta de crença popular que diz: Quem passar por ali e não esfregar o seu próprio dedo no da estatua, não terá sorte até a sua próxima passagem pelo local, onde então, poderá se redimir e “cumprimentar” a estatua levando seu dedo até ela, outra diz que quem esfregar o dedo e mentalizar um pedido este se realizara em até um mês. O fato é que ninguém passa por ali, sem dar uma esfregadinha. Até o século passado, muitos acreditavam que não podiam abandonar gatos em qualquer lugar, e para isso, foi escolhida aleatoriamente pela cidade a Praça Ramos como lugar adequado para os felinos, que por muitos anos viviam as dezenas perambulando e procriando no local. Presentemente as visitas são feitas por papagaios e maritacas que voltaram aos céus de Piratininga.
Em frente ao Theatro Mvnicipal (sic), ainda hoje está gravada as inscrições desde a época de sua inauguração, além da gravura como acima, de um lado Mvsica do outro Drama e na calçada da outrora loja de departamentos MAPPIN a prefeitura preocupada em preservar a memória da cidade deixou no local, parte do antigo “trilho” de bonde que circulava pelas ruas até meados dos anos de 1960, restando apenas expor em pontos chaves do Centro Velho alguns lampiões de gás, que iluminavam os caminhos de São Paulo, que são encontrados apenas na fachada da casa da Marquesa de Santos, e na casa de Anchieta, ao lado do Patio do Colégio (sic), esta luminária, ficou eternizada em musica de muito sucesso na década de 1950, na voz de Inezita Barroso, quem não se lembra do refrão: “Lampião de gás, lampião de gás, quanta saudade você me traz” e os funcionários da Companhia de gás, responsáveis em acender os velhos lampiões eram chamados carinhosamente pela população, como “Vagalumes”. Na maioria das ruas que formam o centro velho, desde a Praça Clóvis Bevilaqua, passando pela Bela Vista, podemos notar o grande numero de relíquias expostas ao tempo, incluindo o Palácio da Jvstiça (sic) inaugurado em 1933, que no entorno preserva tampas das antigas Telesp e Light, ainda na Praça da Sé o que chama a atenção é uma propriedade ocupada por um bar na equina da Rua Venceslau Brás, grafado na frente à data de 1926. Precisamos mencionar ainda, os gradis de viadutos e pontes que são verdadeiras obras de arte feita praticamente à mão, por artistas anônimos, sem que a cidade tome conhecimento de sua importância e tampouco de sua preservação.

GALERIAS E CEMITÉRIOS REPLETOS DE OBRAS

Os cemitérios centenários da Consolação e Araçá, onde estão sepultados ilustres e famosos, e de famílias tradicionais em São Paulo, guardam em suas quadras incontáveis e belíssimas homenagens, que parentes fizeram questão de prestar para preservar a memória de entes queridos. Para isto, foram requisitados artistas de renome internacional que criaram monumentos eternos e de valor sentimental incalculável e, que se tornaram obras de artes únicas e valiosas, visitadas, por milhares de pessoas anualmente.
Na galeria Prestes Maia, encontraremos obras de artes do escultor Victor Brecheret, num ambiente limpo e bem cuidado, próximo dali, na Rua da Quitanda, 126 encontra-se o prédio com inscrição de 1910, e no espaço cultural do Banco do Brasil na Rua Alvares Penteado, recordações de um tempo que não volta, porém, nos remete a um passado cheio de vida e boas recordações. No famoso Largo de São Francisco, temos a facvldade de Direito da USP a Escola de Commercio Alvares Penteado, com a grafia do inicio do século vinte. Com a intenção do prefeito Gilberto Kassab e do vereador presidente da Câmara Municipal José Police Neto, em revitalizar o centro, e começaram pelo projeto Nova Luz, que deverá se estender por toda a região, não podendo, entretanto esquecer-se da preservação daquilo que fazia parte também, da beleza central, além das tampas das antigas companhias, postes de iluminação, esculturas monumentais, prédios em que o bom gosto era obrigatório na arquitetura, há de se ressaltar a elegância, a educação em que a cidade vivia isso tudo é parte de uma época em que a mulher era simplesmente o sexo frágil, e o homem seu defensor intransigente e admirador eterno, onde mantinham o cavalheirismo e a educação. “Pois A Cidade Que Preserva Sua História Constrói Um Futuro Melhor”.

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